Muitas casas e histórias

Cubículos que forçosamente deixam a família mais unida; amplos cômodos com alguns tantos metros quadrados; espaços na medida ideal. Já tive a oportunidade de morar em muitas casas, que, a rigor, sempre foram apartamentos. Morar é admitir um espaço como parte da sua vida, do seu cotidiano.

Posso dizer que a minha história tem vários endereços. Entre os cantinhos marcantes da minha infância carioca, está uma escrivaninha feita de madeira clara e ferro verde, que oportunamente se transformava em loja de ursinhos de pelúcia nas brincadeiras de criança.

Também havia uma varanda, sempre ornada com plantas e flores cultivadas por minha mãe, onde eu frequentemente ensaiava passos de balé (a vizinha do prédio da frente me reconheceu anos depois por conta desses episódios). Espaço na memória não falta para a temida poltrona do castigo, que me engolia quando minha mãe me punha sentada para pensar nos erros.

Já adolescente, pelo bem ou pelo mal, eu pude participar da composição dos ambientes de uma nova casa – que ainda hoje é meu lar em Vitória, Espírito Santo. Incentivada por meu pai, pintei a cama de azul com bolinhas brancas (ela não existe mais!). Ele fez uns nichos em forma de caixas de madeira e pregou-as na parede, que tinha tom de lilás. Essa casa ainda tem cheiro de família.

Atualmente, divido um apartamento de três quartos, em São Paulo, com três amigas e uma cachorra, todas arquitetas – à exceção do animal, claro, embora eu desconfie que ele já seja capaz de usar uma trena, tamanha a convivência. Costumo dizer que saí no lucro em relação a ter uma casa com design e bom aproveitamento do espaço – pelo menos no campo dos projetos, já que a renda familiar ainda não nos permite fazer todas as aquisições ideais (exemplo é o simpático pedaço de madeira que assumiu a função de suporte para televisão – sem ironia; eu gosto dele).

Improvisos à parte – que podem até ser uma saída estilosa –, considero dois ambientes o coração de nosso lar: o sofá e a mesa composta por quatro banquinhos. São nesses lugares onde as quatro se encontram para falar sobre o dia, contar novidades, fazer fofoca e algumas piadinhas comumente sarcásticas. Na parede em frente à porta social, está a marca registrada do apê, deixada por um artista amigo das arquitetas. Uma mulher geométrica e misteriosa em tons de verde feita em grafite preenche toda a superfície. Dali, ela faz questão de dar as boas vindas para quem chega. Nós também.

Meu nome é Patrícia Galleto, sou a nova repórter da revista Casa & Decoração. Você poderá acompanhar meu trabalho já na edição de aniversário, em setembro. Por sinal, está ficando linda! Ah, o nome do artista que fez o grafite na minha parede é Renato Pontello. Seus contatos são (27) 9845-8686; www.flickr.com/renatopontello

Os meus? (11) 3393-7777 ou casaedecoracao@editoraonline.com.br

Pé de feijão para chamar de meu

Mudar de casa é sempre uma oportunidade de repensar a vida. Iluminar e arejar todos os cômodos, cantos e armários do lugar que deixa, e fazer o mesmo no local para onde se vai. Esse movimento gera os mesmos efeitos dentro da gente – ainda que essa não seja nossa vontade, a psique acessa aqueles compartimentos há anos esquecidos; e isso é muito bom, afinal, não pode haver quartos abandonados na casa da alma.

Passei por todo esse processo nas últimas semanas, e posso dizer que foi muito proveitoso colocar essa roda para girar. Entre um turbilhão de coisas materiais e imateriais que foram descartadas, regatadas ou redirecionadas, tive oportunidade de olhar para minhas plantas de uma forma como há muito não fazia.

Quando saí da casa da minha família para essa ultima casa onde morei, não tinha nem um pé de feijão para chamar de meu. A falta que isso fez foi instantânea: nem todas as cortinas, tapetes, enfeites, mantas e enxovais do mundo poderiam dar a atmosfera de lar a uma casa sem plantas, principalmente quando se vive numa cidade tão excessivamente urbanizada e cimentada como São Paulo.

Aos pouquinhos, fui resolvendo o problema. De primeira, decidi cultivar ervas aromáticas ligadas à proteção, como arruda, guiné, manjericão, abre-caminho, espada-de-são-jorge, pimenta, comigo-ninguém-pode, alecrim e alfazema. Além de dar uma energia gostosa à minha casa, eu sempre recorria ao “macumbal” (apelido bem-humorado que eu dei para os canteiros que tinham essas plantas) para pegar um temperinho para a comida, ou tomar aquele banhão de limpeza energética depois de uma semana difícil. Também guardava as podas dessas plantas para secá-las e queimar como incenso. Devagar fui somando flores como o lírio-da-paz e o antúrio, e medicinais, como cânfora e guaco.

A recente mudança para um apartamento a princípio me preocupou. Achei que não iria conseguir acomodar tudo, que elas não teriam oferta suficiente de luz, e mil outros empecilhos. Acabei tendo que me desfazer apenas do guaco, que é uma trepadeira, e não teria por onde se desenvolver. Quanto às outras, fiz uma pesquisa básica sobre iluminação e as distribuí na sala, cozinha, área de serviço e até no banheiro, conforme as necessidades de luz de cada uma. Descobri muita coisa legal nas pesquisas. E recomendo a mesma atitude para você.

Sou Ângela Arraya, repórter dos Guias de Plantas, Flores e Frutas e da revista de Pilates da On Line Editora. No Portal Decoração, você encontra uma matéria bem completinha sobre quais espécies você poderá manter em casa e as condições ideais para elas. Clique aqui para ler. A foto que ilustra este post é de Sidney Doll.

Quer comentar alguma coisa comigo ou pedir alguma dica sobre plantas, escreva para angelaarraya@editoraonline.com.br

Na ponta do lápis

Imóveis estão caros, pelo menos em São Paulo, onde moro. Quando iniciei a minha busca, há cerca de três anos, procurava um apartamento relativamente novo, com cerca de 100 m2, próximo ao metrô, na faixa dos 100 mil reais. Hoje, eu sei: impossível. O jeito foi abrir mão da metragem, da economia e da pressa, e controlar a ansiedade enquanto o novo apartamento era construído com previsão de entrega para o longínquo ano de 2010.

Mas, como todos nós sabemos, o tempo voa. Mesmo assim, juro que me deu um frio na barriga quando recebi o convite para visitar a unidade prontinha, finalizada, no mês passado. Maior ainda foi o choque ao me deparar com aqueles 80 m2 fragmentados em minicômodos que, pelados, sem um móvel, pareciam bem menores do que o anunciado na planta. Veja pelo lado bom, pensei, quanto menor a metragem, maior a economia. Sim, porque se vocês pensam que a quitação de um apartamento significa o fim das dívidas, enganam-se. Estima-se que os gastos com acabamentos e móveis correspondam, no mínimo, a 50% do valor do imóvel.

Ao sair de lá, comecei a rascunhar os primeiros orçamentos de assoalhos, móveis, luminárias, eletrodomésticos e constatei que não teria fôlego para concretizar todas as ideias que havia projetado na minha cabeça, nos mínimos detalhes, durante o período de obras. Diante disso, a solução seria me mudar com o que tinha e fazer as alterações aos poucos, de acordo com as necessidades surgidas durante a vivência e a minha realidade financeira. Lindo; mas prudência e calma, apesar de invejadas, definitivamente, passam longe da minha personalidade.

Foi quando me apresentaram umas redentoras linhas de créditos oferecidas por algumas instituições. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, por exemplo, têm propostas muito interessantes de financiamento, com parcelas a perder de vista, e, mais, com débito inicial previsto para seis meses após a assinatura do contrato. É fato que os juros deixam tudo mais caro, mas, se este é o único caminho possível para ver meu sonho de morar bem realizado, e rápido, vamos às dívidas... com moderação!

Sou Adriana Fricelli, redatora da revista Casa & Decoração. Certa vez, fiz uma reportagem sobre por que contratar um profissional para guiar a obra pode ser bastante interessante. Clique aqui para acessar! A foto que ilustra este post foi feita por Sidney Doll.
Quer falar comigo? adrianafricelli@editoraonline.com.br

Peixe dentro d'água

Cresci na companhia de revistas de decoração por todos os lados e acompanhando minha mãe em alguns de seus projetos como decoradora – até a um motel eu já fui. Não era à toa que ela me levava para ver seu trabalho, afinal, um dos desejos dela era o de que uma de suas filhas fosse arquiteta para trabalhar no “negócio da família”.

Quando fui convidada a trabalhar na On Line Editora (esta é minha primeira semana) no segmento de decoração, vi aquele sorriso irônico do destino, dizendo em seguida: “você rodou, rodou e finalmente voltou pra casa”.

Durante muitos anos, senti uma inquietude por mudanças, novas experiências e aprendizados constantes, era uma cigana. Saí de casa com 14 anos, morei em várias cidades diferentes, já quis estudar medicina, já quis ser diplomata... Mas, decoração, não! Não que eu não gostasse do assunto - aliás, adorava ficar folheando as revistas, desenhando projetinhos e imaginando a casa que teria um dia -, mas é aquela coisa de adolescente que quer se descobrir sozinho, contraria as vontades dos pais e tenta caminhar na direção oposta. E eu fui longe, gente! Meus pais moram no Tocantins e olha onde eu vim parar: São Paulo.

Hoje sou jornalista e sinto que encontrei meu lugar no mundo. Adoro esta cidade grande, amo meu trabalho e dou muito valor a toda a caminhada que fiz pra chegar até aqui. Durante esse tempo, sempre morei em lugares “temporários”, me mudei muitas vezes e a única coisa que ainda não encontrei foi o meu cantinho, do meu jeito... Trabalhar com o tema decoração, além de ser prazeroso e algo que está em minhas raízes, tem sido muito inspirador. Espero aprender cada dia mais para não apenas ajudar as pessoas a morar melhor, mas também para me ajudar quando eu finalmente encontrar meu lugar, meu “aquário” – e cá pra nós, minha bateria de cigana já se esgotou.

Ah, e minha mãe está superfeliz comigo trabalhando com a área e acho que pude contribuir para aumentar ainda mais a felicidade da minha grande peixe e mestra, afinal minha irmã mais nova já faz arquitetura... E seremos felizes para sempre.

Sou Renacha Batista e, como viram, entrei no Portal Decoração para ajudar a trazer a melhor informação sobre arquitetura e decoração para você. Logo mais espero incluir mais textos no blog contando sobre minha jornada no mundo da decoração. A foto que ilustra este post foi feita por Sidney Doll, em um projeto do arquiteto Ricardo Caminada.

Quer fazer contato? Escreva para portaldecoracao@editoraonline.com.br ou ligue (11) 3393-7755. Um enorme abraço!